Quando menos esperamos recebemos lições para a vida que nos recordam esse bem precioso que é ter amigos e, por eles, ir até ao fim do mundo!
Pois essa lição deu-ma, há um mês, uma senhora velhinha de seu nome Isabel - não muito longe dos 100 anos - mas com uma lucidez abençoada e que durante muitos anos foi vizinha de meu tio.
Esta senhora tem desde há muitos anos dificuldades de locomoção que se acentuaram e agravaram com a idade provocando-lhe mesmo bastante sofrimento. Deixou assim de ser possível a sua permanência em casa, uma vez que o marido também já tinha falecido, foi viver com uma filha, para pena dela bastante longe, e as visitas à Aldeia por todas as condicionantes foram rareando.
Porém, ao saber da morte do vizinho José, tão considero pelo marido e por ela família, mesmo vivendo na lonjura de Ponte de Sor, das muitas dificuldades inerentes à idade e condição física já referida, não houve idade, sofrimento nem dor que lhe tirasse a vontade de estar presente na última despedida.
Era um dia particularmente gelado, talvez dos mais frios de Janeiro, mas não abdicou de estar na Igreja e, depois do funeral, fazer questão de nós ir abraçar, confortar e lembrar tantas coisas boas ali vividas, não se esquecendo sequer de minha mãe, dizendo que rezava muito por ela por a saber em grande sofrimento.
Uma lição que me deixou sem palavras, guardarei para o resto da minha vida e me fará meditar quando por alguma dorzinha, chuva ou frio eu deixe de acompanhar os meus amigos e estar com a família na sua provação.
Que Deus providencie nos nossos caminhos amigos assim, que em dias difíceis e nas horas mais inesperadas ignoram a sua cruz, nos dão a mão e levantam do chão aliviando o peso da nossa.
Todas as bênçãos para si Senhora Dona Isabel!
