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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

BEM-VINDO OUTONO

Passou o Verão e não foi um Verão qualquer!

Perder a nossa MÃE é, seguramente, uma das maiores provações que a vida nos reserva, mesmo que a idade seja avançada e as debilidades físicas agravadas pela doença tornem os dias tão dolorosos para quem os vive que a morte é esperada como uma libertação e bênção deste vale de lágrimas que é o mundo.

Porém, quando acontece, mesmo sabendo que o sofrimento acabou, a dor em nós é tão angustiante, mais ainda quando não se consegue chorar de forma a lavar a alma, que durante dias parece nada ter sentido e um sentimento de amargura e perda indiscritível instala-se no coração e todas as recordações de uma vida passam e repassam aos nossos olhos.

“Todos partimos… é a leia da vida… sofria tanto… viveu tantos anos…” é o que ouvimos, já sem ouvir, de toda a gente.

Apenas o Ti Alberto, homem sábio, que acompanhou o sofrimento da esposa e a saber por experiência própria o quando custa todo esse processo e o tempo que leva a conseguir serenar alma, quebrou a regra e me consolou com estas palavras: “Sabes, Maria, todos nos dizem que foi o melhor, nós sabemos que foi o melhor, porém quando pensamos que não voltaremos a tocar na face ou na mão da pessoa amada, pouco ou muito não mais voltará a dizer-nos nada… isso é que doi… se doi! Fica ali um vazio, sabes…?

Passou o Verão com o seu cortejo de perdas, memórias e saudade, mas, ainda assim, houve rasgos de alegria, é certo que mais contida, a marcar os nossos dias debaixo do céu.

Inclino-me e agradeço todos os momentos maus e bons, quero chorar todas as lágrimas que ainda sufoco na certeza de que elas têm o condão de me fazer enfrentar as sombras do caminho e viver com renovadas forças este Outono que acaba de chegar.