ENTRUDO
Chocalheiro, garrido, fingido...
Mascarado de bom,
De mau ou de vilão.
Super-homem ou ladrão.
Politico, juiz, aldrabão.
Padre, polícia ou patrão.
Um dia para iludir
O despedimento,
A falta do medicamento,
O engarrafamento,
A morte na estrada.
O velho, a mulher e a criança
Maltratada.
Fingir neste dia
É desporto sem igual
Para exorcizar o mal,
E pensar que amanhã
Será um dia sem tormento
E sem tristeza.
Um novo tempo,
Onde um mundo mais justo
Resplandeça de humanidade
E beleza!
Mas hoje, é Entrudo,
Mentiroso e borralhudo...
Passeiam-se os mortais
Pelas estreitas ruas,
Praças e cais.
Até eu me escondo,
Com assombro,
Atrás da máscara de bobo.
Seguro-a com firmeza
Para não cair ao chão.
Vou com a multidão
E descubro,
Que afinal estou em Veneza!
MM
Março 2019
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