Esta é uma homenagem de amor a minha MÃE gostava de flores, de todas as flores, e por onde quer que passasse e visse alguma que não tinha já não vinha sem a semente, bolbo ou um pedacinho para plantar.
Desde sempre me lembro de minha Mãe a gostar de flores e plantar flores nas hortas por entre os canteirinhos de cenouras, feijão verde, alface e ao longo das paredes dos "chães" a coberto das videiras que, se bem me lembro, era onde tinha as primeiras flores do ano.
Por vontade dela todos os cantinhos das lezírias, ruas, janelas, varandas, escadas e balcões deveriam ter flores como forma de colmatar a falta de jardins que a maioria das casas no Sobral tem.
A nossa casa até tem um jardim, mas é tão pequeno que dificilmente chegava para todas as flores que minha Mãe queria e gostava.
A vantagem é que como há flores praticamente todo o ano o jardinzinho, sem nenhum pedacinho de terra livre e ainda os vasos espalhados pelas escadas - que aos poucos foram acabando - iam preenchendo aquela paixão.
Uma das flores que minha Mãe passou a adorar particularmente foram as tulipas depois de eu começar a levar-lhe bolbos com regularidade.

Ficava ansiosa na espera do tempo de plantar os bolbos, de os ver despertar e depois de ver a cor das tulipas, sendo certo que todas as cores lhe agradavam!
O Inverno não é propício a muitas flores, mas no cantinho abrigado do nosso jardim mal as temperaturas ficavam mais amenas e os dias cresciam as tulipas começavam a rebentar devagarinho e às vezes ainda antes do início da Primavera floresciam. Uma bela forma dar as boas vindas à nova estação do ano e a quem tanto delas gostava!
Minha Mãe dizia então que era um regalo olhar para elas tão mimosas, delicadas e ao mesmo tempo fortes e indomáveis porque resistiam dias e dias, bonitas, em luta contra o vento, a chuva e o frio que ainda se fazia sentir principalmente de noite.
Lembrando-me desta paixão de minha Mãe por flores, no ano passado em sua HOMENAGEM plantei mais flores que habitualmente e em vários lados. Algumas ainda nem sei que flor terão e aguardo com expectativa o que dali sairá!

Porém, as mais simbólicas, são as tulipas das quais plantei 94 bolbos - tantos quantos os seus anos de vida, embora não os tivesse completado porque faleceu em Junho, tendo terminado o imenso sofrimento que viveu nos últimos anos de vida.
Na geração de minha Mãe, quando celebravam um aniversário diziam que "entravam" logo no outro e ela completaria os 94 anos em Agosto, pelo que decidi que seriam 94 tulipas a fazer-lhe a homenagem!
Porque no nosso jardim já existem roseiras, orquídeas, cravos e uma infinidade de bolbos de outras flores que vão nascendo ao logo do ano era impossível conseguir lá plantar tanto bolbo.
A solução foi plantar os possíveis e os restantes foram divididos por duas amigas do Sobral, por vasos bem pertinho de mim e no início de Fevereiro fui agraciada com a "explosão" de cor das tulipas a abrir e a alegrar-me os dias!
Este ano o mês de Fevereiro não tem sido fácil em termos climatéricos mas as tulipas resistem às intempéries, permanecem bonitas durante muitos dias e fazem-me sentir como se minha Mãe estivesse aqui a olhar para elas.
Espero, de todos o coração, que os bolbos plantados no jardim - que continua a ser dela - também lhe façam a gentileza de nascer, florir minha MÃE as possa ver do céu.
Eu tentarei ir lá ver um dia destes, mas não sei se já chegarei a tempo. Aconteça o que acontecer sei que enquanto puder continuarei a plantar flores e, agora, todos os anos 94 bolbos de tulipas seja lá onde for!