segunda-feira, 31 de agosto de 2020

PINCELADAS DE TRISTEZA

Eis o cenário negro e desolador que me enche de mágoa ao abrir a janela em cada manhã. Tão triste e diferente do que era há um mês.
O verde, que felizmente ainda escapou, emoldura as casas de xisto que fazem parte da paisagem, e é reconfortante para o olhar.
Com a humidade das noites, em breve mais frescas, e as primeiras chuvas de Outono - que espero não sejam fortes para não haver deslizamento de terras - vão permitir a regeneração da natureza. Mas é certo que nada será igual! 
Já escrevi -porque constato essa realidade- a paisagem muda em cada incêndio. E, para não deixar piorar, era crucial replantar mais sobreiros, medronheiros, talvez castanheiros e oliveiras, não permitindo o avanço dos pinheiros e principalmente de eucaliptos.
As hortas, uma riqueza do ponto de vista alimentar, e a mancha de sobreiros que aqui se vê, são a grande beleza deste paraíso, que devia ser replicada a toda a volta da aldeia porque constituem uma barreira importante na progressão do fogo. 
Precisa-se de gente que pense e ajude na sustentabilidade deste território e das suas gentes, que não podem viver só de promessas e sob um céu intensamente azul, apesar de bonito e digno de menção!

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

EM DIA DE ANIVERSÁRIO

Recordo e homenageio a minha AVÓ materna, que hoje, no céu, completa mais um aniversário.
Na nossa aldeia, a casa que com o meu avô construiu, e onde, viúva desde muito cedo, com grandes dificuldades criou os filhos, continua a ser o nosso ninho e abrigo cheio de memórias afectivas.
À minha avó, Maria Cândida, neste dia, a minha homenagem, saudade e oração. ❤️

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

ÁRVORES QUE NÃO SE VERGAM

Ainda que vergastadas pelo fogo 
há árvores que não se rendem. 
E, com os seus frutos, 
estoicamente resistem...
 E morrem assim: de pé!

sábado, 22 de agosto de 2020

PARABÉNS, MINHA MÃE. ❤️

90 anos se completam
Em dias de solidão,
Tempos duros que afectam
E moem o coração.

Na distância e sem toque
De um abraço, ou beijo,
Triste é a sua sorte
Que atrás de um vidro vejo.

Queria tanto aconchega-la
De encontro ao meu peito
Mas está longe, deitada,
E alheada no seu leito.

O tempo que não perdoa,
Levou-lhe quanto prezava.
Desembaraço, passo de quem voa,
Belo sorriso e sonora gargalhada.

Nonagésimo aniversário,
Diferente e tão dorido,
É mais uma conta do Rosário
De quem muito tem sofrido.

Parabéns, querida MÃE,
Abraço-a, de coração e pensamento.
Como a senhora, mais ninguém,
Merece o céu e não tormento.

MM
22 de Agosto, 2020

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

O MEU PARAÍSO PERDIDO

Ficou vestido de negro o paraíso verde de que eu desfrutava nas Barrocas do Muro, consumido pelo inferno de chamas do incêndio que lavrou em Sobral de S. Miguel, no passado dia 29 de Julho.
Assim se destruiu, mais uma vez, um património que levou anos a crescer, e num ápice ficou em cinzas a enegrecer o chão que as próximas chuvas se encarregarão de levar encosta abaixo, e que irá conspurcar as águas dos ribeiros.
A partir dos anos 70, os incêndios começaram a ser mais frequentes e devastadores, deixando muita gente sem vontade de continuar a sacrificar a vida, ano após ano, para depois ficar sem nada. E foi inevitável o abandono da terra e da floresta que sem estratégias definidas não cobre sequer os custos com limpeza e conservação dos terrenos.
Depois de minha avó, minha mãe e meu pai, depois só o meu pai, dentro das suas limitações de idade e saúde foi tomando conta deste lugar, mas faleceu há 25 anos. De então para cá é a segunda vez que este paraíso arde praticamente por completo.  
O palheiro acima ficou bastante destruído no incêndio anterior - creio que em 2005 - mas o de baixo resistiu ao fogo nessa altura e também desta vez, o que se pode considerar um verdadeiro milagre por o vento não ter espalhado fagulhas que pegassem nos barrotes e destruindo esta memória que me é tão cara.
A devastação que se vê nas imagens deixa-me uma profunda mágoa no coração por saber que nada posso fazer - não tenho condições económicas para tal - mas ainda que tivesse, de que adianta limpar se o resto da floresta continuar igual? 
Com alguma sorte serão anunciados projectos de reflorestação para que o verde volte a emoldurar a paisagem, mas que podem ficar entalados na burocracia, nunca vir a acontecer e daqui a 10 anos, infelizmente, tudo voltará a desaparecer.
A terra, resiliente, vai seguir o seu ciclo e, em breve, os fetos, silvas, giestas e outra vegetação vão tomar conta dela, pela nossa incapacidade de a manter a limpa como devia ser.  
A chuva, se vier forte, causará barrancos - como aqui se chama às partes de paredes que caem e sustentam a terra dos chães - situação que se agrava nos incêndios por consumirem toda a protecção vegetal destas paredes, pelo que serão mais danos difíceis de suportar.
Os pinheiros, ao contrário dos eucaliptos não rebentam, mas ficam sempre sementes que germinarão e darão novos pinheirinhos dentro de alguns anos.
O medronheiro, também conhecido por nós como ervedeiro, é uma árvore autóctone, linda, muito resistente, e quer se cortem ou não os ramos queimados é praticamente certo que volta a rebentar.
Resta-me ter esperança que o Inverno seja manso nas intempéries, mas traga água suficiente para alimentar as nascentes, o Sol aqueça a terra e, lentamente, os frondosos castanheiros, cerejeiras, oliveiras e videiras voltem a rebentar. 
É certo que nada será como antes e, a cada incêndio, alguma vegetação muda dando lugar a outra muito mais invasora e nefasta para a terra, as águas, os animais e os seres humanos. 
Não diabolizo os eucaliptos, mas não sou defensora da sua plantação em grande escala, como está a acontecer por todo o lado e aqui não é excepção.
Preocupa-me que os eucaliptos venham a ser os próximos invasores destas serras com a disseminação das suas sementes, dando lugar a uma mata completamente diferente e, sem controlo, ainda mais prejudicial a todo o meio-ambiente do que todo o pinhal desordenado que temos agora. 
Era crucial que as instâncias que gerem a floresta olhassem para este território como uma reserva de biodiversidade, dando prioridade absoluta à ordenação e replantação florestal e privilegiando os castanheiros, nogueiras, cerejeiras, carvalhos, sobreiros, medronheiros e pinheiros.
Enquanto sonho com a remota possibilidade de alguém nos ajudar a fazer renascer este paraíso de verdes caminhos, fica a imagem que mesmo neste cenário de desolação me lava as lágrimas do olhar: a magnífica paisagem que daqui se desfruta sob um céu azul que é uma bênção.
MM
Agosto 2020

A BELEZA DA VIDA

A vida dá-nos sempre motivos de alegria e festa e este foi bem importante!
Há 15 ANOS, nascia o nosso primeiro neto e bisneto, e nós com o coração a rebentar de amor por ti, meu querido PEDRO! ❤️🤗😘
O tempo voa, e que tu voes também sempre mais alto, com todas as bênçãos de Deus na tua vida.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

COVILHÃ - FEIRA DE SÃO TIAGO

No passado dia 14 de Agosto, a Feira de Santiago ficou em 1º Lugar nas 7 Maravilhas da Cultura Popular do distrito de Castelo, Branco. 
Foi uma honra para o concelho da Covilhã e para as suas gentes, e certamente será no futuro uma mais valia para toda a região
Não tenho imagens da feira, mas ficam estas da Covilhã, cidade que acolhe a feira desde há 608 anos!
Parabéns à Covilhã e a todas as suas freguesias, que precisam de incentivos para que a feira se mantenha.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

MÚSICA NO CAMINHO

Com o CANCIONEIRO tradicional da BEIRA BAIXA e a VIOLA BEIROA.
"Desde sempre foi a Beira Baixa considerada a província mais rica em tradições musicais"...

Nestes novos tempos, tem no concelho da Sertã um dos seus principais pontos de recolha e inspiração musical, com novos protagonistas na sua preservação, mas que certamente honram o legado de Fernando Lopes Graça e de Michel Giacometti.

Por isso, considero que o Cancioneiro Tradicional da Beira Baixa e a Viola Beiroa são jóias a preservar, e, regionalismos à parte, mereciam ser vencedoras das 7 Maravilhas da Cultura Popular do distrito de Castelo Branco, ou pelo menos estarem entre as primeiras classificadas. Infelizmente tal não aconteceu.