Janeiro, o primeiro dos 12 meses que o ano compõe, tem ao dia 23 o aniversário de meu pai, que se fosse vivo este ano faria 98 Invernos e diria que não gostava de os fazer…
Bom mesmo, dizia ele, era se os desfizesse… e lá se punha a recitar um poema que disso falava, embora nem sempre lembrasse as quadras pela ordem certa.
Se tivesse chegado a esta idade tão avançada não sei se as quadras ainda lhe viriam à memória, mas lembro-as eu, com os PARABÉNS, PAI, e que lá no céu tenha sentido a nossa lembrança e oração.
DIA DE ANOS
Com que então caiu na asneira
De fazer na quinta-feira
Vinte e seis anos! Que tolo!
Ainda se os desfizesse...
Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo!
Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o ano passado...
Agora o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo? Coitado!
Não faça tal: porque os anos
Que nos trazem? Desenganos
Que fazem a gente velho:
Faça outra coisa: que em suma
Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho.
Mas anos, não caia nessa!
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira,
Mas depois que se habitua,
Já não tem vontade sua,
E fá-los queira ou não queira!
João de Deus