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quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

DIA DA MEMÓRIA

Estudar o holocausto ou ler tudo o que é possível sobre o assunto, ver imagens arrepiantes e filmes que contam o horror daquele período negro da história da humanidade, deveria ser suficiente para que em nenhuma parte do mundo, e muito menos na Europa, alguém pensasse em voltar a ter um regime tão hediondo. 

Mas infelizmente a memória é sempre curta, a história tende a ser branqueada e, por isso, é importante que as novas gerações conheçam este DIA da MEMÓRIA criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), para lembrar os milhões de vítimas provocadas pelo genocídio da Alemanha nazi.

Portugal teve no cônsul português em Bordéus, Aristides Sousa Mendes um homem de coragem que contrariando o regime fascista de Salazar salvou 30.000 vidas de morte certa nos campos de concentração nazis e nas câmaras de gás. E pagou bem cara essa ousadia. 
 
Hoje, nesta encruzilhada de pensamentos e ideologias que grassam por todo o lado é crucial fazer memória, e como diz o Papa Francisco "Recordar é expressão de humanidade; é estar atentos porque essas coisas podem acontecer novamente, a partir de propostas ideológicas que querem salvar um povo e acabam por destruir a humanidade." 

Sejamos humanos e salvemo-nos uns aos outros!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

FLORES DE INVERNO

Para dar beleza a este dia, e porque sabemos que as magnólias são também pronuncio de esperança. 
Num tempo em que precisamos de boas palavras, as flores surgem aqui acompanhadas de POESIA, do poeta sobralense ROGÉRIO FERREIRA DIAS e que vale a pena conhecer. 

As palavras têm que ser...

As palavras
têm que ser sempre agradáveis:

aos olhos que as olham,
às bocas que as falam,
aos ouvidos que as ouvem...
e ao corpo e às mãos.

As palavras assim sempre
deveriam ser:
agradáveis, sempre agradáveis.


Do livro: 
Estas Mãos e o Corpo

sábado, 23 de janeiro de 2021

GRITO DO CORAÇÃO

ORAÇÃO
Em nome de TODOS OS NOMES que DEUS conhece.

No silêncio e na oração,
Homenagem a todos os nomes
Que Deus conhece.
Vidas com rosto e coração
E nestes tempos de pandemia
Num qualquer hospital,
Na mais profunda solidão,
Partem sem um abraço,
Um afago, um beijo,
Ou o calor reconfortante
Do último aperto de mão.

Olhos cerrados.
Corpos amontoados;
Sem tempo de ser preparados,
Em negros sacos fechados,
Nas frias urnas depositados,
Para enterros apressados,
Onde não cabem palavras
Nem o adeus reconhecido
A quem aos seus é tão querido.

E no acto derradeiro 
Em que o corpo desce à terra,
Não pode haver compaixão
Nem obra de misericórdia 
De acompanhar o irmão.

Como pode a nossa vida
Seguir amanhã indiferente
A tanta lágrima e dor
Que se vive no presente?

Que Deus no seu amor
A todos acolha clemente
E reconforte nesta angústia
Os que perdem a sua gente.

MM 
Jan. 2021

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

MAGNÓLIA FLOR DA ESPERANÇA

Nestes dias sombrios que estamos a viver, sentindo a dor profunda de tantas ausências, dos afectos e abraços que não podemos dar nem receber, que ao menos flores, lindas e viçosas como estas de magnólia branca nos alimentem a esperança.
Todos os anos gosto de observar estas magníficas árvores que florescem entre Dezembro e Janeiro, e fazem com que o Inverno pareça uma estação tão acolhedora como qualquer outra. 
As flores, todas as flores, são pérolas que a natureza nos oferece, e olhar as magnólias floridas em dias de Inverno chuvosos e gelados revela-se como que um milagre. 
Neste caso, embora frio, o dia estava limpo, com céu azul e o sol acariciava cada pétala, que projectava no chão a sua sombra e acentuava ainda mais o acetinado das flores.
Em Dezembro é altura de dar uma voltinha pela Praça da Batalha, no Porto, e outros locais onde estas preciosidades vão desabrochando, mas devido à Covid-19, nem Janeiro se revelou auspicioso para esse passeio.
Resta olhar para as imagens de anos anteriores, como estas de 2019, e não perder a esperança de que melhores dias virão, para voltar a captar imagens e saber mais algumas curiosidades sobre a magnólia.
Já que a esperança é uma das simbologias associada a esta bela flor, fiquemos então esperançosos que bem estamos precisar.  
Li algures que "a magnólia é uma planta ancestral que praticamente não se alterou por milhões e milhões de anos". Que assim continue!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

MEU JANEIRO ”VIDRADO”

Diz o provérbio que: "Janeiro geoso traz um ano formoso". E, não sendo eu entendida em agricultura, noutro tempo ouvia dizer que os campos beneficiam da modorra criada pelo frio e esta fina água do sincelo (gelo) vai direitinha para as entranhas da terra mantendo húmida por mais tempo.
Janeiro é também o mês que recordo do tempo de criança pelo "cramelo" (caramelo ou gelo) pendurado das fragas em estranhas mas bonitas figuras transparentes, e da geada que não derretia nas avesseiras dos caminhos tornando-os ainda mais perigosos. 
Uma das brincadeiras desta altura era pisar as poças de água para ouvir aquele som tão característico do "vidro" a partir, pegar depois nos pedaços e brincar com eles até derreterem, ou atirá-los a algum dos colegas de brincadeira.
O reverso da medalha desta brincadeira inocente eram as frieiras! O frio intenso era propício às lesões na pele das mãos, e muitas vezes os que ajudavam a família nas lides do campo já estavam mais expostos, pelo que mexer neste gelo "vidrado" era completamente imprudente. Mas para quem tinha tão pouco com que brincar tudo era aproveitado sem pensar nas consequências. 
Este ano, Janeiro faz justiça ao nome que lhe dou e, para além da neve e da geada, o gelo que se têm formado nos caminhos do Sobral e arredores tem dado imagens de grande beleza. Infelizmente, nestes tempos em que estamos confrontados com a Covid-19, não me posso descolar para ver e fotografar, o que é pena. 
No entanto, com estas imagens tiradas em 2009, ano em que Janeiro e Fevereiro foram meses bem gelados, viajemos até à estrada de Loriga, Alvoco da Serra e Pedras Lavradas, que o panorama nesta altura deve ser idêntico.
Quando nesse ano me deparei com este espectáculo fiquei encantada, e pude ver crianças felizes a brincar como eu fazia, só que agora protegidas com boas botas e luvas. 
Por curiosidade recordo que nesse ano, tal como neste, nevou no Alentejo! Pode ser que seja um bom presságio! 

domingo, 10 de janeiro de 2021

O ÚLTIMO DOS EREMITAS

Partiu na sua última viagem em direcção a belos prados verdejantes, o último dos Eremitas das Barrocas do Muro, que vai a sepultar amanhã em Sobral de S. Miguel, juntando-se na derradeira morada aos que anteriormente também por aquele local peregrinaram.

O Ti Manel Forte, como era por nós conhecido, vizinho do pé da porta nas Barrocas do Muro, tal como o meu pai e muito antes a minha avó, faziam das Barrocas do Muro o seu "porto de abrigo" e ali viveram em permanência semanas e meses a fio.

Minha avó Ana Bárbara, creio, terá sido a pessoa que mais tempo viveu nas Barrocas do Muro, mas o Ti Manel foi seguramente o que se lhe seguiu, mas vivendo ali de uma forma bastante diferente da minha avó e de meu pai.

No tempo de minha avó o movimento de pessoas nos campos e nos caminhos era constante, e pode dizer-se que não faltava companhia, logo desde os primeiros alvores da madrugada até já a lua e as estrelas alumiarem as pedras das veredas, pelo que nestas condições nunca se estava sozinho nem totalmente isolado.

O tempo fez com que os campos fossem abandonados e os caminhos despovoados, pelo que estar nas Barrocas do Muro a partir de 1975 era muito diferente. E, se por um lado o meu pai procurava companhia no Pereiro ao final de quase todos os dias, e ao fim-de-semana rumava ao Sobral, a forma de estar na vida do Ti Manel era muito diferente, e a solidão a que voluntariamente se entregava era a companheira dos dias e noites, deslocando-se ao Sobral só em caso de necessidade, bem como a França onde trabalhou durante muitos anos. 

Depois da morte de meu pai, encontramos o Ti Manel algumas vezes nas Barrocas do Muro, e, ironicamente, quando dava conta de nós subia logo do chão onde andasse para conversar com o meu marido, dispondo-se a ajudar e ensinar alguma coisa que fosse preciso. 

Foi sempre simpático no acolhimento que nos dispensava e fazia questão de manter o caminho limpo até às palheiras e deu permissão - mesmo que lá não estivesse - de levarmos o carro até à que era dele para ser possível lá virar.

A idade foi avançando, as fragilidades foram-se acentuando e o Ti Manel deixou de limpar o caminho e também a levada que lhe levava a preciosa água da nossa presa - desde a morte de meu pai só usada por ele - e lhe regava as courelas. 
Um dia fechou-se a porta do palheiro. O carro, companheiro de uma outra vida, para ali trazido pelo dono, foi com ele envelhecendo e permanece esquecido, esventrado e ainda mais degradado depois do incêndio que tudo varreu à volta.

O silêncio paira agora nas Barrocas do Muro. Há uma dor acentuada pelo negro que tomou conta da paisagem. Sente-se uma névoa baixa de frio a descer de mansinho desde a presa do chão do Ti Zé da Ponte e da Tia Penteira que varre toda a encosta até ao Penedão, deixando no ar uma tristeza de arrepiar o coração. 

Mas as vidas, as histórias e as memórias de quantos aqui viveram ficaram agarradas às pedras dos caminhos que abriram, dos palheiros que edificaram e dos muros que levantaram e sustêm estas terras. As suas vozes ecoam no tempo e falam-nos no vento, na água das presas, das minas e das levadas, nas noites cerradas mas também de luar, na esperança de que sejamos merecedores do seu legado e capazes de voltar a dar vida a este belo lugar. 

Neste dia da partida do Ti Manel Forte, a que chamo o último dos eremitas, a minha homenagem e até um dia.

A MEMÓRIA DO BAPTISMO

O Baptismo é o primeiro Sacramento de iniciação cristã, que permite a nossa entrada na igreja, levando-nos a pertencer ao povo de Deus. Ao sermos baptizados passamos a ser filhos de Deus e irmãos de Jesus Cristo, nosso Salvador. 
Neste domingo em que se concluem as celebrações natalícias com a festa do Baptismo de Jesus, o Papa Francisco, mais uma vez, renova o convite a que cada um de nós mantenha viva a memória do Baptismo. 
Pois diz o Papa que: "Ali estão as raízes da nossa vida em Deus; as raízes da nossa vida eterna, que Jesus nos deu com a sua Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição."

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

EM NOITE DE REIS

Mesa descorada como deve ser.
A ementa pode ter bacalhau, mas assim!
As sobremesas podem ser variadas.
 Sem nunca esquecer as tradicionais!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

CARLOS DO CARMO

Conheci a sua bela voz era ainda menina e moça.

Pela vida fora segui a sua carreira, comprei alguns dos seus discos (CD), e ficarei para sempre com imensa pena de não ter assistido a um dos seus espectáculos.

Por tudo o que fez pelo fado e, com ele, ter levado e elevado o nome de Portugal a tantas partes do mundo, só posso estar reconhecida e agradecida.

A sua discografia é tão vasta e rica que se torna difícil escolher.
Volto ao tempo de menina e lembro: "A rua do silêncio” e "Duas lágrimas de orvalho"... que espelham a saudade e o sentir profundo da minha tristeza neste dia primeiro do ano. 

É certo que: “Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera”, mas nenhuma Primavera voltará a ser como dantes. 

Até sempre, Sr. Carlos do Carmo!

CHEGOU 2021

CHEGOU 2021

Sem pompa 
Nem circunstância,
E envolto em desesperança.
Sem champanhe, 
Nem vontade de a beber.
Máscaras a atrapalhar
E todos a confinar.
Não houve poses,
Nem sessão de fotografia
Para guardar a magia
Em baús de nostalgia.

Pouco ou nada se registou.
Comeu-se à pressa,
Para casa se desandou
E assim se passou...

Mas temos as memórias,
Os sorrisos e histórias
De  muitos e felizes anos, 
Em que de casa cheia 
O Novo Ano saudamos,
Todos nos abraçamos,
Beijamos e brindamos!

Resta-nos ter confiança,
Muita fé e esperança
De que passe a Covid ruim,
E tudo volte ao que era...
Por fim!

Foto de 2019