Diz o provérbio que: "Janeiro geoso traz um ano formoso". E, não sendo eu entendida em agricultura, noutro tempo ouvia dizer que os campos beneficiam da modorra criada pelo frio e esta fina água do sincelo (gelo) vai direitinha para as entranhas da terra mantendo húmida por mais tempo.
Janeiro é também o mês que recordo do tempo de criança pelo "cramelo" (caramelo ou gelo) pendurado das fragas em estranhas mas bonitas figuras transparentes, e da geada que não derretia nas avesseiras dos caminhos tornando-os ainda mais perigosos.
Uma das brincadeiras desta altura era pisar as poças de água para ouvir aquele som tão característico do "vidro" a partir, pegar depois nos pedaços e brincar com eles até derreterem, ou atirá-los a algum dos colegas de brincadeira.
O reverso da medalha desta brincadeira inocente eram as frieiras! O frio intenso era propício às lesões na pele das mãos, e muitas vezes os que ajudavam a família nas lides do campo já estavam mais expostos, pelo que mexer neste gelo "vidrado" era completamente imprudente. Mas para quem tinha tão pouco com que brincar tudo era aproveitado sem pensar nas consequências.
Este ano, Janeiro faz justiça ao nome que lhe dou e, para além da neve e da geada, o gelo que se têm formado nos caminhos do Sobral e arredores tem dado imagens de grande beleza. Infelizmente, nestes tempos em que estamos confrontados com a Covid-19, não me posso descolar para ver e fotografar, o que é pena.
No entanto, com estas imagens tiradas em 2009, ano em que Janeiro e Fevereiro foram meses bem gelados, viajemos até à estrada de Loriga, Alvoco da Serra e Pedras Lavradas, que o panorama nesta altura deve ser idêntico.
Quando nesse ano me deparei com este espectáculo fiquei encantada, e pude ver crianças felizes a brincar como eu fazia, só que agora protegidas com boas botas e luvas.
Por curiosidade recordo que nesse ano, tal como neste, nevou no Alentejo! Pode ser que seja um bom presságio!
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