sábado, 27 de agosto de 2022

HOMENAGEM E MEMÓRIA

Os dias e anos sucedem-se tão rapidamente e tudo se esvai na voracidade do tempo, mas há memórias que não se perdem e enquanto eu estivera viva todos os que me são queridos perpetuar-se-ão comigo.  
Por isso não podia deixar de lembrar minha avó materna, neste dia 27 de Agosto em que no céu festeja cento e vinte anos. 🙏

Este foi mais um ano em que nesta altura estive na aldeia onde ela e eu nascemos e na casa que foi sua, onde passei a minha tenra infância até aos 5 anos com ela, a minha mãe, o meu irmão e os meus tios. 
Neste dia do seu aniversário visitei-a também na aldeia onde mais gostou de viver - Aldeia do Bispo - e onde que quis ser sepultada. 🌼🌼🌼

Recordei-a com o meu tio Zé, a tia Maria e o meu marido e certamente lá no céu ela terá esboçado um tímido sorriso, mas dentro do peito devia dar pulos de alegria por ver que continua por cá, na nossa vida e nas nossas lembranças. 

Parabéns, AVÓ! Hoje e sempre continua no nosso coração. 💗

terça-feira, 23 de agosto de 2022

H2O - UNHAIS DA SERRA

Para momentos
aprazíveis e inesquecíveis.
Num lugar de excelência
na encosta da bela Estrela.
Beleza do espaço e
simpatia de quem lá trabalha.
Para voltar, sem dúvida! 

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

PARABÉNS, QUERIDA MÃE

Mil novecentos trinta
A vinte e dois, belo dia,
Nasceu minha santa mãe
A quem chamaram Maria.

Olhos castanhos, profundos,
Alma clara, transparente,
Coração terno e doce
Cuidando de toda a gente.

Sei que ela não esperava
Vida tão longa e sofrida
Em leito de desalento
E de esperança perdida.

Pudesse eu tirar-lhe um pouco
6A dor e angústia que sente
Para então a ver sorrir
E cantar alegremente.

Mas nada posso mudar
No caminho destinado
E terei de aceitar
A dureza deste fado.

Parabéns, querida MÃE,
Por mais um ano de vida,
Tenho-a sempre no coração
E nunca será esquecida.


MM
Agosto 2022

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

15 DE AGOSTO-ASSUNÇÃO DA VIRGEM SANTA MARIA

Um bom dia para recordar a bonita igreja de Santa Maria Assunta, na região da Lombardia, e de que já tenho muitas saudades.
A primeira vez que aqui entrei demorei-me a apreciar cada pormenor, e achei muito bonito o efeito dos raios de sol que entram de forma subtil e dão uma luminosidade que acentua a beleza da igreja.
O velho pároco, que ao tempo era o responsável desta paróquia, estava sempre por ali e, depois de me ver levantar do momento de oração que fui fazer, veio ter comigo para saber ao que vinha...! 
Em italiano "aportuguesado" lá consegui que me entendesse e, depois desse dia, nunca mais perguntou nada, nem tão pouco nos anos que se seguiram e lá voltei. Apenas cumprimentava. Fiquei com a certeza que tinha uma excelente memória visual!
Participar aqui em missas foi sempre extraordinário! Um coro jovem, a que se juntavam vozes de muitas crianças, ao domingo, e que na doçura da língua italiana tornava a celebração muito especial ao meu ouvido.
Porém, um outro coro de gente mais velha que animava a missa do final do dia, ao sábado e ao domingo, também não desprestigiava, mesmo à "capella" (o que acontecia às vezes) e toda a assembleia participava.
Como não tenho máquina que possa captar em lugares assim toda a sua beleza, partilho as imagens possíveis e guardo para sempre no coração tudo o que, pela graça de Deus, me foi dado ver e ouvir.  

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

LUGARES DE DEVOÇÃO

Ainda em São Jorge da Beira, para além da Igreja Matriz que se encontra no centro da aldeia, menciona-se também a Capela de Nossa Senhora de Fátima e com vista privilegiada para a encosta onde verdejante por onde a aldeia se estende. Curiosamente a capela é encimada pela imagem do Sagrado Coração de Jesus, mas não vi referência a tal facto nem porquê... 
Enquadramento muito bonito, sem dúvida, com os pórticos do monumento a fazer uma espécie de "guarda de honra" ao bonito portão de ferro que, abrindo-se, leva ao adro da capela. 
Não é domingo, mas presumo que neste lugar - como em muitos outros - a capela só estará aberta no dia da festa se ainda a houver! E espero bem que sim!
No entanto, não só pelos portões, mas também pela configuração do muro é possível observar muito bem o exterior da capela que tem na entrada as imagens dos pastorinhos São Francisco e Santa Jacinta Marto.
Como não foi possível ver o interior, onde certamente não faltará a imagem de Nossa Senhora, fotografei esta, em painel de azulejos, que se encontra numa das paredes do exterior da capela. 
Uma pequena pedra gravada e colocada na parte de trás da capela, mostra a confirmação de que se trata da Capela de Nossa Senhora de Fátima, cujo construção será de1933. 
O portão que dá acesso à parte de trás da capela, tem desenho semelhante ao da entrada principal, aqui com a "decoração" lateral de pequenas lajes em negro xisto, que me deixaram intrigada, pois não sendo esta pedra aqui usada não percebi a ideia. E, quanto a mim, esta entrada lateral ficaria bem mais harmoniosa toda em branco. 
Percorrendo-se a capela de um lado e do outro é sempre visível a imagem do Coração de Jesus que na entrada, de braços abertos, parece a todos convidar à oração. A "placa" gravada no muro da capela aguça-me ainda mais a curiosidade...! 
Terá sido nesta data que se fizeram os "pórticos" de entrada e se colocou a imagem do Coração de Jesus? Infelizmente não havia aqui viva alma que me pudesse esclarecer, mas não desististe de saber! Não foi fácil, mas descobrir numa pequena notícia de jornal que, na realidade, este é o Santuário de Nossa Senhora de Fátima e do Coração de Jesus. Se a denominação ainda se mantém ou já ninguém se lembra é o que me resta saber!    https://covita.blogs.sapo.pt/10218.html
Num tempo em que é tão fácil ter informação, parece-me imperdoável que as Paróquias e respectivas Dioceses não se empenhem em registar e dar a conhecer nos seus sites ou páginas oficiais informações de todos estes lugares que os povos se empenharam a construir para manter viva a fé cristã. 
Fica-me sempre um "amargo de boca" por ver que num tempo de tantas dificuldades muito foi construído e hoje - por descuido ou inércia - nada se sabe destes lugares de devoção e peregrinação.
Mais do que "palcos" de cimento - também importantes - urge registar para as futuras gerações este passado tão rico de religiosidade antes que os últimos guardiões dos templos desapareçam e nenhuma memória reste.  

terça-feira, 9 de agosto de 2022

DE CEBOLA A SÃO JORGE DA BEIRA

De repente, vista do lado da capela de Nossa Senhora de Fátima, ali está à minha frente majestosa e estendida pela encosta da serra do Picoto de Cebola a freguesia de São Jorge da Beira, emoldurada pelo verde pinhal, sobreiros, oliveiras e hortas onde se vislumbra ainda o amor à terra e aos produtos que delas se colhem.
De ruelas estreitas - como já referi noutro "post" com imagens que o comprovam - não sendo muito distante da minha aldeia e muito tendo ouvido falar dela na minha infância, em que dava pelo nome de Cebola, a verdade é que nunca aqui tinha vindo! 
"Perdi-me" a olhar o enquadramento da aldeia e a tentar, de tão longa distância, tirar fotografias que mostrassem a sua beleza guardada pela serra e prolongada numa espécie de abraço redentor dado pela Igreja Matriz de São Jorge onde a comunidade se reúne, reza e canta. 
O casario, semelhante ao das aldeias destas serranias, que cresce em altura entre apertadas ruas e becos, apresenta muito pouco xisto, vislumbrando-se apenas meia dúzia de casas com esta pedra à vista e nenhuma delas com a cobertura de lajes negras. As telhas, aqui, devem vir de tempos bem antigos e significava que estas terras eram mais "ricas" suscitando por isso alguma "inveja" - e sempre que possível tentavam imitá-las - nos lugares onde a matéria-prima usada era apenas a pedra de xisto.
Com xisto ou sem ele não posso deixar de apreciar o imenso trabalho levado a cabo para construir a aldeia neste terreno "acidentado" semelhante ao da minha terra, em que a história nos une por caminhos da serra, de luta, dor, sobrevivência e ainda de relações familiares e que pelo menos desde 1659 se formaram, das quais nos dá conta o Senhor Professor António dos Santos Pereira no seu livro "Sobral de São Miguel Vertentes do Património e da Comunidade aldeã, na Asa da Estrela a Meio de Portugal". Quadro nº. 21 - Estabelecimento de gentes no Sobral provenientes de Cebola/São Jorge da Beira.
De acordo com o site https://www.visitcovilha.com/s-jorge-da-beira/ fico ainda a saber o seguinte: "Desconhecemos as origens de São Jorge da Beira. No entanto, pensa-se ser uma povoação antiga. Uma terra de pastores, carvoeiros, ferreiros. Terá servido de entreposto comercial de segunda categoria às rotas comerciais que pela Serra de Cebola passavam (Rota da Lã, Rota do Sal, Carvão…
Até 27 de Abril de 1887, São Jorge da Beira pertenceu, como simples lugar, à freguesia de Casegas. Os seus moradores, nessa data, pediram a desanexação e a constituição de freguesia independente. Assim aconteceu, “visto a freguesia de Cebola ter mais do que o número de habitantes exigidos por lei para a renovação dos cargos paroquiais”. 
Em 21 de Outubro de 1960, passou então a denominar-se São Jorge da Beira, a que pertencem os lugares de Panasqueira, Cambões, Vale da Cerdeira e Casal de Santa Teresinha. A freguesia estende-se por uma área que se aproxima dos vinte e cinco quilómetros quadrados.
Lugares de história, da vida de muitas vidas que aqui nasceram, viveram, sofreram, morreram e também de muitas outras que passaram e cujas memórias a serra ainda guarda. Sejamos nós capazes de continuar a todas honrar! 

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

TERRITÓRIOS SERRANOS

Em Julho deste ano dei por mim a percorrer caminhos que já conhecia, mas onde há muito não passava, como é o caso de Porcim, servido agora por uma estrada de montanha, asfaltada, mas estreita, onde se deve circular com a maior das precauções, o que nem sempre acontece como logo tive ocasião de constatar!
A estrada a que faço referência liga finalmente Casegas e também Sobral de S. Miguel a São Jorge da Beira, e concretizou uma aspiração tão antiga destes povos que, tal como eles dizem, "já não merece festa"! 
A serrania é a paisagem constante neste território que me encanta, rico na sua vegetação diversificada que gosto de conhecer e me traz motivos para ver e aprender o muito que ainda me falta saber. 
Numa curva do caminho vislumbro as Minas da Panasqueira e, lá no alto, olhando-as a esta distância parecem-me ainda imponentes. Inevitavelmente penso que apesar de terem trazido um pouco menos de fome e miséria às gentes destes territórios serranos, não posso deixar de me entristecer com todas as tragédias humana que - atrevo-me a dizer - todas as famílias (incluindo a minha) viveram e sofreram, para além das nefastas consequências ambientais que ainda perduram.
"Encalacrados" ou encurralados entre serras, penhascos, pedras, socalcos, e pinhais surgem pequenos povoados, outrora grandes não tanto pelas habitações, mas principalmente pelo número de almas que neles residiam, trabalhavam e geravam vida.
A arquitectura da casa e o painel de azulejos mostram uma outra era, a da emigração, que na década de 60 fez debandar gerações inteiras. São Jorge que lá do alto vigia e guarda a casa, certamente pela devoção de quem o lá mandou colocar, mas também em homenagem à terra: São Jorge da Beira, que piso hoje pela primeira vez!
Chego, e quase sem me aperceber, "entro" logo nas ruelas da aldeia, sem que me seja dado ver a paisagem em que está envolvida, embora não seja difícil de imaginar! Aproveito então para conhecer -o possível - de uma obra de solidariedade social de que há muito já tinha ouvido falar.  
O Centro de Solidariedade Social de São Jorge da Beira, fundado em 1991 pelas forças vivas da terra, que como muitas outras tiveram o grande apoio dos emigrantes, foi inaugurado em 1992 e é hoje o garante de protecção a quantos dela estão carenciados.
Devido às restrições impostas pela Covid 19 não foi possível visitar as instalações, mas o exterior é muito agradável e convidativo. De acordo com informação ali prestada existe o chamado serviço de "take away". Encomendar a refeição e ir buscá-la!   
Nunca é demais realçar o papel das Associações de Solidariedade, mas também de muitas outras Associações e Clubes pelos serviços prestados, dignificação das pessoas na ajuda à qualidade de vida e envelhecimento activo nos locais em que se inserem. Infelizmente, porque a desertificação continua a ser uma realidade muito triste e dura, alguns dos serviços que aqui vemos anunciados já não estão disponíveis no edifício.
A escola, com grandes portas e janelas aberta ao conhecimento e enriquecimento da cultura e saberes, outrora um "mundo" de crianças, está hoje quase "moribunda" de vida. Esta felizmente ainda funciona e que assim aconteça por muito e bons anos. E, porque está de frente para o Lar, tenho a certeza que encherá de alegria quem dos quartos sente a algazarra e das janelas avista as crianças no pátio do recreio!
O calor abrasador que neste dia de Julho se fazia sentir, na hora pouco conveniente a que aqui pude vir, não deu margem para grandes passeios... 
Ainda que as ruelas apresentassem algumas sombras, a opção foi mesmo apreciar o possível de dentro do carro, com o fresco ar condicionado a tornar a viagem bem mais aprazível. 
Fica a vontade de voltar um dia, em tempo bem mais ameno, e se ainda houver "pernas" descobrir os recantos que ficaram por ver, incluindo a Casa Museológica vista de "raspão"!
A Casa Museológica encontra-se no centro da aldeia e "exibe mobílias e utensílios antigos; utensílios e referências às minas, incluindo pedras de lá extraídas; roupas antigas e manequins à antiga; instrumentos musicais; adega e respetivos utensílios, bem como alfaias agrícolas. Desta forma a Casa-Museu permite preservar a cultura relativa aos usos e costumes dos antepassados."
Estou certa de que ainda há muita vida nesta Aldeia de Montanha de nome São Jorge da Beira e vai saber resistir pela espada do seu patrono a todas as intempéries.