segunda-feira, 15 de outubro de 2018

VIVÊNCIAS QUE NOS MARCAM PARA SEMPRE

Hoje, um ano depois desse fatídico dia 15 de Outubro de 2017, não me posso esquecer de ti, Mariana Diogo, que viveste na pele este horror de estar rodeada de fogo e com esse monstro "jogar", fintando-o, numa luta desigual mas que corajosamente venceste. 
Lembro-me do desespero dos teus pais a tentar saber que caminhos seriam mais seguros para regressares a casa, em vez de prosseguir viagem, mas uma tarefa difícil quando as comunicações se tornam inexistentes. Sendo, por isso, a tua própria avaliação no terreno e o teu instinto de sobrevivência a única segurança possível. 
A noite a cair rapidamente, o fumo que de trás de serra se adensava, deixou-nos ali, pregados ao chão, a tentar disfarçar a angústia, de coração sobressaltado e em prece silenciosa aos céus. 
Quando o teu carro assomou no cimo do caminho, que alegria! Um misto de sentimentos fizeram com que algumas lágrimas aflorassem no canto dos olhos, mas logo bem disfarçadas porque o momento era de agradecimento e festa pela tua VIDA!
Mariana, o que mais desejo é quem de direito faça o trabalho devido - o que infelizmente ainda não aconteceu - para que nos caminhos da serra que vezes sem conta tens de percorrer nunca mais aconteça semelhante pesadelo e com tantas vidas inocentes perdidas.
Todos morremos um pouco em cada devastação que o fogo causa, porque o ar que respiramos se contamina, mas também porque a história da nossa região e da nossa terra se vai sumindo, lenta e inexoravelmente nas labaredas e no fumo de cada incêndio. Quem nos acode?
Nota: Nas primeiras fotos o fogo que lavrou em Oliveira do Hospital, visto de Sobral de S. Miguel. Nas restantes, a constatação - um mês depois- da devastação causada por esse incêndio na zona de Avô, e caminhos por onde a Mariana passou. 

Sem comentários: