Hoje, um ano depois desse fatídico dia 15 de Outubro de 2017, não me posso esquecer de ti, Mariana Diogo, que viveste na pele este horror de estar rodeada de fogo e com esse monstro "jogar", fintando-o, numa luta desigual mas que corajosamente venceste.
Lembro-me do desespero dos teus pais a tentar saber que caminhos seriam mais seguros para regressares a casa, em vez de prosseguir viagem, mas uma tarefa difícil quando as comunicações se tornam inexistentes. Sendo, por isso, a tua própria avaliação no terreno e o teu instinto de sobrevivência a única segurança possível.
A noite a cair rapidamente, o fumo que de trás de serra se adensava, deixou-nos ali, pregados ao chão, a tentar disfarçar a angústia, de coração sobressaltado e em prece silenciosa aos céus.
Quando o teu carro assomou no cimo do caminho, que alegria! Um misto de sentimentos fizeram com que algumas lágrimas aflorassem no canto dos olhos, mas logo bem disfarçadas porque o momento era de agradecimento e festa pela tua VIDA!
Mariana, o que mais desejo é quem de direito faça o trabalho devido - o que infelizmente ainda não aconteceu - para que nos caminhos da serra que vezes sem conta tens de percorrer nunca mais aconteça semelhante pesadelo e com tantas vidas inocentes perdidas.
Todos morremos um pouco em cada devastação que o fogo causa, porque o ar que respiramos se contamina, mas também porque a história da nossa região e da nossa terra se vai sumindo, lenta e inexoravelmente nas labaredas e no fumo de cada incêndio. Quem nos acode?
Nota: Nas primeiras fotos o fogo que lavrou em Oliveira do Hospital, visto de Sobral de S. Miguel. Nas restantes, a constatação - um mês depois- da devastação causada por esse incêndio na zona de Avô, e caminhos por onde a Mariana passou.
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