Ao ter conhecimento do 25 de
Abril, no primeiro momento, surgiu a apreensão pela falta de informação mais
concreta, que foi sendo mais nítida ao longo das horas, até porque estava a
trabalhar no Rádio Clube do Huambo e as notícias chegavam mais rapidamente,
ainda que a "conta gotas". Porém, havia sempre a possibilidade de recorrer a
outras fontes e, se já no tempo que vivia em Vila Artur de Paiva, meu pai,
tentava pelo menos uma vez por semana, sintonizar a BBC no velhinho rádio de
bateria, estando numa estação de Rádio mais fácil era ter informação por essa
via.
Os ânimos foram serenando e a já muito esperada mudança política, para melhor, foi tomando conta das conversas vislumbrando-se o essencial: acabar a guerra fratricida que na flor da idade levava tantos jovens à morte ou a ficar estropiados para o resto das suas vidas, e a tão desejada independência da chamada Metrópole, cuja política de desenvolvimento traçada para as chamadas colónias desagradava a todos, quer fossem nascidos em Angola ou dela tivessem feito a sua PÁTRIA!
Rejubilei e, como tantos,
festejei! Meu irmão estava na guerra, zona Leste, talvez das piores nesse
tempo, o que fazia minha mãe andar angustiada e chorar todos os dias. Se a
guerra terminasse, em breve o teríamos de volta e bem a tempo do meu casamento que seria em Setembro de 1974.
Porém, não foi assim tão
fácil! Ele veio, mas teve de voltar...
e, aos poucos, densas nuvens negras começaram a surgir no quente céu africano e
o desalento foi tomando conta da minha vida e de todas as vidas que sonharam como
Sophia de Mello Breyner Andresen: "o
dia inicial inteiro e limpo"...
Podia ter sido
diferente? Talvez... não sei...!! Mas sei que não é justo agrilhoar povos sob um jugo que não querem e, sobre isso, ainda há muita história por fazer e
muitas estórias para contar que hoje não cabem aqui.
Importa, sim, olhar os erros do passado, todos os dias, para que não se repitam e defender a LIBERDADE e a PAZ como bens que não se podem deixar perder e, só num regime democrático se podem ter, cabe a cada um fazer a sua parte!
Abril, em Portugal e no Mundo, hoje e sempre!💗
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