Recordo, hoje, a Missa Nova de meu tio, celebrada há 65 anos, neste Domingo do Pastor, em que acredito o Sobral se tenha vestido de festa, embora a roupa de minha avó fosse negra, com a cabeça e rosto tapados tal não indicasse. Porém, este era o traje que as mulheres viúvas adoptavam e com ele viviam quase sempre até ao fim da vida. É vestida assim que me recordo dela na minha infância, e o mesmo posso dizer desta imagem do meu tio Padre. Atrás, o meu tio João, rosto que me ficou também gravado na memória, por nos ter deixado não muito tempo depois de forma trágica, em acidente nas Minas da Panasqueira.
As minhas lembranças deste dia, confesso, não são nenhumas. Mas fique a saber, creio que no ano passado, da minha presença na Missa Nova, com a Igreja cheíssima, e eu ao colo da menina Evangelina, pois apenas com cinco anitos ficaria "perdida" no meio da multidão sem nada vislumbrar. O rapazinho que se vê no lado esquerdo talvez seja o meu irmão... Mas aposto que nem ele será capaz de dizer se é ou não!
As fotografias ajudam a relembrar algumas coisas, mas, efectivamente, muito poucas para o que eu hoje gostava de saber. O não revermos o que se passou em determinados acontecimentos importantes enquanto os protagonistas estão vivos é um terrível esquecimento que jamais se poderá remediar.
Uma certeza tenho! A nossa família, os colegas e amigos de meu tio, bem como toda a comunidade sobralense não faltaram. Aqui, o momento do "beija-mão" tradicional ao novo sacerdote.
O almoço, para o qual estou em crer não terá havido no Sobral quem não tenha contribuído, foi servido no salão paroquial. Escusado será dizer que se estive aqui... não me lembro...!! Mas vejo na imagem algumas caras conhecidas e uma delas, a servir à mesa, parece-me ser da nossa saudosa madrinha Mabília.
Em Em dia especial, fotografia de família da direita para a esquerda: tio Zé, avó Cândida, tio Padre, tio João, tia Olinda e a nossa mãe. Memória afectiva das nossas raízes e laços de amor que nos unem e, acredito, ficarão ainda muitos anos para além de nós, dos nossos filhos e netos. Daí a importância do registo e testemunho para o futuro.
A terminar fica uma curiosidade. Que momento registará esta fotografia? Meu tio com a farda de escuteiro, ao lado do padre Pedro, ao tempo pároco de Sobral de S. Miguel. Será Partida? Chegada? De onde e para onde? Pois, nesse tempo, a estrada entre Casegas e o Sobral não estava feita. Tal só vai acontecer em 1962 e apenas em 1964 começou a circular a carreira entra Sobral e Covilhã.
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