Que um dia por amor me deu
O sopro de vida primeiro
Entre o Ribeirinho e o Barreiro,
E pouco mais tinha de seu
Que um filho em cada braço
Na disputa do regaço
Do mimo e terno abraço
E colo onde aninhar
Na esperança de escutar
Em doce voz de embalar:
“Dorme, dorme meu menino…
Tão pequenino, qual será o teu destino…
Que sorte será a tua?”
Já no berço, outro refrão:
“Lua, luar não leves o meu menino
Ajuda-me para o criar…
Deixa-o no sono sossegar.”
Mãe resiliente,
Na sua frágil aparência.
Em dias de tormenta,
De lágrimas a marejar,
Braços já a fraquejar
Ia tomando consciência
Que os meninos a crescer
Muito mais era preciso
Para a ambos sustentar.
E a dura vida de martírio
Só nas contas do rosário
Desfiadas no caminho
Em dias feitos calvário
Traziam algum alívio.
Severo foi o destino
Que a fez mãe e a deixou só,
Esperando meses e anos
Cartas de boas novas
De terras de além-mar
Que tardavam em chegar.
Mas não deixava de sonhar…
Acalentando o desejo
De num navio embarcar
E ao seu marido se juntar.
A carta que enfim chegou,
Tornou tudo repentino
Em estranha forma de dar a mão…
Arrancou-lhe o coração
E tirou-lhe o seu menino.
Da tristeza fez companhia,
Com a dor que nunca passou
E para sempre a marcou,
Trançando-lhe assim o destino
De a todos querer ajudar
Como se tivesse de expiar
Pecados que não eram seus
Pedindo compaixão aos céus
Por tanto querer amar.
Hoje, MÃE,
Em mais um dia que é seu
Não terá um beijo meu
Nem abraços de ternura
Só lonjura, separação…
Mas guardo-a no coração
De alma comovida
E em eterna gratidão
Por um dia em dor e amor
Me ter dado o sopro da vida.
Feliz Dia MÃE!
MM
Maio 2020
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