quarta-feira, 23 de julho de 2025

CAMINHOS DE JULHO

Hoje decidi visitar um dos caminhos de Julho que quando o tempo está propício gosto de percorrer e onde encontro sempre bons motivos para voltar.
Não podendo fazer o caminho real as fotografias tiradas noutros anos é uma forma de colmatar a saudade desses caminhos e veredas que levam e trazem saudade e não devem hoje estar muito diferentes do Julho em que estas foram tiradas.
É certo que a natureza nunca é igual e nos mesmos dias e meses de anos anteriores encontramos diferenças na cor da vegetação, nas árvores mais ou menos adiantadas ou atrasadas, no caudal de água que corre na ribeira e outrora a zona balnear da aldeia era daqui para baixo.
Na minha infância este caminho não me estava acessível o poço de Carvalho ou a canada da Laje eram, de certa forma, a "minha praia"!!
Este caminho da Foz da Portela é muito bonito e tem a particularidade de ser bastante plano e muito bom para quem quer fazer uma caminhada pela fresca ou ao final da tarde.
Naturalmente que até chegar à parte plana ainda temos a ladeira que vem da ribeira, nos traz até à "nossa" amada escola e dali "pa`riba" ainda dá mais umas valentes passadas de subida.
Não importa! Oxigenar os pulmões com este ar é causa mais que suficiente para arriscar e admirar a paisagem que se oferece esplendorosa em todo o percurso.
Cada pedra do caminho, cada telhado, cada escaleira e agora cada portão fechado têm gravadas tantas histórias ali passadas que me sento e quase me parece escutar murmúrios a segredar nomes, sonhos e vidas...
Tudo o que aqui foi construído ou plantado, nestas encostas tão ingremes, pelos nossos antepassados é fruto de muita arte, engenho, saber e sacrifício que eu muito admiro. 
Junto da casa, por certo há muito vazia, uma roseira teima em dar vida ao lugar, honrar quem a plantou e deixar que as abelhas levem o seu precioso néctar.
Caminho absorta nos meus pensamentos, deixo para trás a rua da Foz da Portela e não quero olhar as janelas e portas fechadas que ficaram atrás de mim e me deixam desconforto e tristeza.
Detenho-me um pouco mais em baixo e contemplo daqui uma grande extensão do povoado para lá do Ribeirinho, a paisagem que me cerca, os sons que a natureza oferece é como se tivesse o privilégio de escutar uma sinfonia.
De repente o toque do sino "acorda-me" desta quase letargia em que permaneço e agradeço aos céus por me ser dado ver esta serra e tudo o que está à sua volta. Na verdade, é sempre uma sublime bênção poder estar aqui!

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